quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Há metafísica bastante em não pensar em nada

O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.

Que idéia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?

Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).

O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.

Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?

"Constituição íntima das cousas"...
"Sentido íntimo do Universo"...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em cousas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.

Pensar no sentido íntimo das cousas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.

O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!

(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as cousas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)

Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.

E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?).
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.


Alberto Caeiro

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Um apólogo


Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:

— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo?

— Deixe-me, senhora.

— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.

— Que cabeça, senhora?  A senhora não é alfinete, é agulha.  Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.

— Mas você é orgulhosa.

— Decerto que sou.

— Mas por quê?

— É boa!  Porque coso.  Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?

— Você?  Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu?

— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...

— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando...

— Também os batedores vão adiante do imperador.

— Você é imperador?

— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser.  Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:

— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?  Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...

A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.

Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava de um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha, perguntou-lhe:

— Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas?  Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha: 

— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico. 

Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:

— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!

Machado de Assis

sábado, 20 de março de 2010

Afinal, quem somos?

Hoje quando eu estava indo para um curso, de dentro do ônibus eu observava as pessoas na rua. Em um certo ponto eu vi um homem (um mendigo) deitado no chão. Ele estava todo sujo, bêbado e era bem magro. Algo não muito agradável de se ver em plena tarde de sábado. E no ponto seguinte (que era em frente a uma praça), dois homens: um ajudando o outro a se levantar. O que ajudava passou a mão na barriga como quem diz: "Estou com fome" e o outro, que mal conseguia andar, assentiu com a cabeça.
Aí, eu fui pensando...
Com todos aqueles carros bonitos passando ao redor...
Com toda a elite brasileira...
Onde está o nosso "Brasil, um país de todos"?

Eu mesma não posso falar muito, pois não faço muita coisa para que essa situação mude. Mas vivo me perguntando onde colocaram a igualdade.
Todo mundo vê essa situação. Todo mundo lamenta. Ninguém age.
É só ligar a TV e esperar: uma, duas, dez, cinquenta, cem tragédias vem aí. De onde surge tanta violência? De onde surge tanto ódio?
Não... nem sempre foi assim...
E é por isso que não precisa continuar sendo.
Meu professor de história (uma figura =P) chama isso de "alienação". Vocês até podem achar engraçado, mas eu concordo.
A sociedade hoje em dia é formada para se contentar com a situação em que vive e não para questionar ou ter vontade própria. A mídia noticia o que o governo quer que você saiba. E nem sempre isso é a verdade.

Não conseguimos mudar o mundo inteiro com apenas um gesto, mas podemos mudar o mundo com milhares de pequenos gestos juntos.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Em falso

Não é só porque o inverno está de volta e as noites chegam mais cedo. Qum dera fosse isso, mas medo, hoje em dia, não depende da luz do sol. E dá mais medo ainda andar naquelas ruazinhas estreitas carregando uma mala de viagem, que algumas pessoas insistem em chamar de mochila. Não vejo o porquê, já que eles moram na escola.
É mais um estudante, o pequeno. Talvez nem tão pequeno assim. Quase corre pela rua deserta, olhando em volta com ar de terror. Medo do assaltante, medo da arma, medo de... Quem disse para ele que é perigoso andar nas ruas? Falsa segurança, a das nossas vidas. Se é que segurança existiu algum dia.
Ninguém disse para ele que é perigoso, ele é que se sente sozinho e indefeso naqueles becos. Não fala, não pensa, apenas corre para o ponto de ônibus apinhado de gente cansada. Ao chegar, o alívio. Agora está seguro, tem tantas pessoas á volta. Falsa esperança, a das nossas vidas.
O ponto está como sempre, naquele empurra-empurra. O estudante não fala, não pensa, apenas espera a linha atrasada do ônibus que o levará para casa. Empurra-empurra. Empurra. Que ponto de ônibus mais agitado.
De repente, mochila aberta. Sem carteira, sem documentos, sem celular. E tantas pessoas à volta, esperando o ônibus. Nenhuma fala, nenhuma pensa.

beijos pra vocês

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Economia e justiça ;)

"Quando falamos em economia, uma das primeiras questões a que devemos responder é se ela é justa ou não. Para isso, precisamos compreender o que é justiça.
Normalmente, as pessoas compreendem a justiça de acordo com dois princípios básicos: o primeiro consiste em dar a cada pessoa aquilo que lhe pertence, e o segundo diz que cada pessoa deve receber pelo bem que fez e pagar pelo mal que cometeu. Diante desses princípios, devemo perguntar: essa compreensão de justiça é correta?
Se formos capazes de olhar a justiça à luz da fé, concluiremos que ambos os conceitos são falsos e, se fossem verdadeiros, Deus não existiria. Deus é justo, isso ninguém nega, mas concebe os bens gratuitamente a todas as pessoas, embora todas as coisas pertençam a Ele e não às pessoas. Dele é tudo que existe, já que tudo é obra Sua, mas gratuitamente ele nos deu, não exigindo nada para si.
Além disso, Deus não nos trata conforme exigem as nossas faltas, mas nos perdoa sempre, agindo com infinita misericórdia. Fazer as pessoas pagarem pelo que fizeram é vingança e não justiça. Justiça verdadeira é superação do erro e restauração da vida social.
A economia deve ser pautada na justiça, mas não na justiça dos homens, quando suas leis são imorais e se utilizam de dois pesos e duas medidas, legitimando situações ambíguas e perversas. A justiça dos homens frequentemente tem gerado carência, exclusão social e desrespeito à dignidade humana. A justiça que deve ser o pilar de sustentação da economia será aquela que, antes de tudo, procura dar a todas as pessoas não aquilo que lhes pertence, mas o necessário para a satisfação de suas necessidades - de qualquer natureza -, a fim de que todos possam ter uma vida igual."

Pe. José Adalberto Vanzella

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Ninguém Manda No Coração

Você é o sinônimo de tudo
Você tirou de órbita meu mundo
É para você que minha vida dedico
Mas para você, o que eu significo?

Posso meu amor não ter demonstrado
Mas sempre que pude, estava ao seu lado
Não é possível que eu seja tão insignificante
Para você, quem amarei até o último instante.

Agora, saudade não é o que eu sinto
Se disser que você faz falta, mais eu minto
O que sei é que mais e mais te necessito
E para ver seu sorriso viajaria pelo infinito.

Você pode comigo não se importar
Você tem a escolha de me ignorar
Mas uma coisa você nunca vai mudar:
É o direito que tenho de te amar.

Juju Nagaoka

domingo, 31 de janeiro de 2010

Entendendo o que é economia

A palavra "economia" é muito utilizada hoje com diferentes sentidos. Em geral, quando as pessoas falam em economia, estão falando em diminuir os custos ou em comprar algo com um preço inferior ao que se encontra comumente no mercado. É o uso proveitoso e moderado do dinheiro ou a arte de poupar.

Até mesmo a teologia usa o termo economia em sentido próprio quando fala em "economia da salvação", entendendo com isso o conjunto de bens necessários à salvação da humanidade.

Existe também a compreensão científica desse termo, segunda a qual economia é a ciência que estuda as leis que regulam a produção, a distribuição e o consumo dos bens materiais.

[...] Podemos compreender a economia como o conjunto dos bens produzidos pela sociedade e os princípios e meios utilizados para a sua produção, como a extração, a manufatura, o artesanato e a produção industrial. De igual modo devemos levar em consideração as diferentes formas de distribuição desses bens, como o comércio, a troca , as doações, etc. As formas de utilização dos bens também são importantes na compreensão da economia.

Mas, o mais importante de tudo isso é responder à pergunta: qual é a finalidade da economia? Se é simplesmente o acúmulo financeiro, o individualismo, o consumismo e a manipulação das pessoas, a economia é imoral; mas, se é a satisfação das necessidades básicas de todas as pessoas, a garantia de direitos e a promoção do bem comum, então é uma manifestação da vontade de Deus.





Pe. José Adalberto Vanzella
(Secretário-executivo da CF)

Reflitam xD

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

ANIVERSÁRIO!


Hmm, hoje é o niver da DIII

Parabéns Di! ;D

domingo, 17 de janeiro de 2010

Ana de novo! ;D

As pessoas vêem, mas a maioria finge não perceber as manifestações da natureza pelos maus-tratos da raça humana.
Quantas casas já foram destruídas pela chuva? Quantas famílias já foram separadas por terremotos e furacões?Quantas pessoas já morreram de frio em baixo de pontes? Quantas sofrem por não ter água pra beber?Quantas não lutam por uma gota se quer?
Não existem culpados, não existe um responsável.
Entendemos que isso é apenas uma reação, um troco. Ou uma divida pendente.
É esse o preço que temos que pagar? Quantos ainda vão morrer?

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O que, afinal, viemos fazer no mundo?

Sabe, eu sou o mais revoltado de todos.
Talvez, esteja escrevendo isso para satisfazer as vontades da minha agradável amiga, Amona.

Chegamos nesse mundo, como diz a grande Ana(filósofa), de grandes tentações, e sem justiça.
Desde pequenos, somos acostumados a sermos seres completamente capitalista  e procurar o inheiro antes de tudo.
Confesso, sou humamo, exposto a toda essa "pressão". Eu mesmo quero ter dinheiro, mas, não vou conseguir isso a todo custo.
Essa procura pelo dinheiro que tem tirado todo o respeito das pessoas pelo nosso mundo e tem alterado a justiça. O próprio bem acima de tudo e que os outros "se virem".
Conseguimos, depois de "passar por cima" de muitas pessoas, usando-os como "degraus", o nosso tão sonhado dinheiro
Mas, para quê?
Para comprar roupas novas?
O novo sapato da moda?
Para ficarmos nos exibindo por aí?
Que que adianta?
Seremos felizes com tanto dinheiro?
Ou, no final, ficaremos sentados, em frente a TV, comendo e assistindo novela ou Big Brother?
Para quê? Para ter tudo a nossa volta e no final acabarmos como expectadores de algo que nem ao menos é real?
Para quê? Para assistirmos filminhos ou novelas românticas, pois, o próprio Amor que havia dentro de nós, vendemos por alguns trocados? Ou até mesmo deixamos para trás em busca do dinheiro?
Para quê isso?
Pelo dinheiro, paramos de dar valor as coisas pequenas...
Pelo dinheiro, paramos de dar valor ao Amor...
Pelo dinheiro, abrimos mão de nossas vidas...
E o que ganharemos no final?
Embaixo da terra, todos somos iguais...
E, o nosso dinheiro? Para onde vai?
Provavelmente vai causar briga entre nossos descendentes e eles vão acabar perdendo nosso valores por esse mesmo dinheiro em que gastamos nossa vida...
E o que fazemos pelo dinheiro?
Desrespeitamos...
Quem?
Primeiro, nossos colegas de trabalho, subindo de cargo a todo custo
Depois, desrespeitaremos a natureza, na primeira chance de enriquecer ao custo dela
Depois, desrespeitaremos nossa família, gastando nosso tempo mais no trabalho do que na família
Depois, desrespeitaremos nossos próprios valores, em busca de mais e mais dinheiro, continuando, sem nenhum escrúpulo...
E, nessa parte da vida, finalmente, depois de tanto tentar, teremos dinheiro, mas, teremos virado verdadeiros robôs, movidos pela ganância...
E, o que move muitos atrás do dinheiro, é a busca pela felicidade, achando que, tendo tanto dinheiro, poderemos ser livres! (Ae ae ae \o/) e fazer o que quiser, mas, nesse ponto, esquecemos esse desejo, ou, estamos tão sozinhos que nem ao menos, temos com quem dividir essa felicidade...
Não podemos nos esquecer desses valores, pois, mesmo que consigamos tudo, estaremos sem nada
Sem família, sem amigos, sem ninguém por perto...
Sem Amor, sem Felicidade, sem Limites, sem Valores, sem nada
E sem Planeta Terra ainda por cima, pois, se o mundo acabar, não é culpa de Deus, nem de placas tectônicas, nem de algo assim, mas, dos mesmos humanos, que destruíram o mundo por causa do dinheiro
Dinheiro NÃO traz FELICIDADE

Ass: Diane Sthefany e Pedro Gabriel